sexta-feira, 10 de setembro de 2021

SURUBIM: "Me sinto lesada, esperando uma resposta da gestão", desabafa professora, sobre o "entocado" dinheiro do Fundef


A professora Gerusa Lucena tem 35 anos de dedicação ao magistério. Ela não esperava que após essas três décadas e meia em defesa diária da Educação, precisasse "fazer vigília" com os colegas professores, na frente da Câmara de Vereadores de Surubim, para lutar para assegurar um direito, cujo dinheiro, já poderia ter sido depositado na conta corrente dos educadores.

A categoria cobra o rateio dos 60% dos precatórios do Fundef, já depositados na conta do município. Dos quase R$ 33 milhões, os professores teriam direito a cerca de R$ 19,7 milhões. Os outros 40% são para investimentos nas escolas. 

Sem falar em pagar aos professores, a prefeita Ana Célia Farias(PSB) enviou projeto ao Legislativo para gastar R$ 8.708.000 (oito milhões, setecentos e oito mil reais) desse dinheiro, com aval da maioria dos vereadores. Os professores se mobilizaram e foram questionar a votação. A proposta, no entanto, não entrou na pauta da sessão desta quinta-feira(09.09). Os professores seguem sem saber quando vão receber o dinheiro.

"Eu me sinto lesada, esperando uma resposta da gestão. Em nenhum momento, ela [a prefeita] falou direto ao professor. Ela precisa ser clara, se expressar. É só chegar dizer quanto e quando vai pagar. Pior que a gente vem aqui e volta com as mãos abanando, sem uma resposta. Será preciso vir aqui toda quinta-feira fazer vigília? É muita crueldade com o professor", desabafa a professora Gerusa Lucena.

A prefeitura de Surubim nunca se pronunciou sobre o recebimento desse dinheiro do Fundef. Como se diz no popular, parece estar "entocado", não se sabe onde, e as informações detalhadas estão inacessíveis.

PALAVRA - de acordo com o professor João Paulo, representante do sindicato, o envio da proposta de gastar de imediato o dinheiro do Fundef com reforma de escolas, sem pagar aos professores, causou certa estranheza porque quebraria um acordo da prefeita com a categoria.  

"Há menos de um mês, a prefeita, as secretárias de Educação e de Administração, o procurador municipal, o sindicato e os professores nos reunimos e ficou acordado que até dezembro não se tocava em um centavo desse dinheiro e aí aparece essa proposta de se gastar R$ 8 milhões? A gente ficou sem entender. A palavra dela não vale?", afirmou o professor.

O professor explicou que a decisão para aguardar até o fim deste ano ocorreu porque, embora o Supremo Tribunal Federal já tenha decidido a favor dos docentes receberem os 60%, o direito está sendo questionado no Tribunal de Contas da União, por prefeitos que não querem pagar o dinheiro dos professores.  

Ainda de acordo com o professor João Paulo, o projeto saiu da pauta porque, para ir ao plenário, precisa ser aprovado pela comissão de Finanças da Câmara, por se tratar de proposta de suplementação orçamentária. A análise deve ocorrer nos próximos dez dias. 

Até lá, os professores esperam saber oficialmente e com real transparência, os valores dos precatórios do Fundef, e quanto e quando vão receber a parte que tem direito. O Sindicato já enviou ofícios ao município solicitando informações sobre o dinheiro do Fundef, mas não recebeu resposta da prefeitura.

Caso o blog receba algum esclarecimento da Prefeitura de Surubim, a postagem será atualizada.

Foto: Divulgação/Professores.
Da Redação.