quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Situação da Barragem de Jucazinho mobiliza lideranças para audiência pública em Limoeiro


As obras de reparo da Barragem de Jucazinho motivaram audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e da Frente Parlamentar pela Revitalização do Rio Capibaribe em Limoeiro, Agreste, nesta terça (31). Na reunião, técnicos de órgãos públicos expuseram as condições do reservatório, comentaram alternativas para retomar o abastecimento em municípios próximos e ressaltaram a necessidade de recuperar a Bacia do Capibaribe.

No início do semestre, o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) fez consertos na parede da barragem. Completamente seco desde o ano passado, o terceiro maior reservatório de Pernambuco oferecia risco à população caso chuvas fortes, que acumulassem níveis altos de água, provocassem o rompimento do equipamento.

Fiscal do Dnocs responsável pelas obras emergenciais, Jackson Oliveira explicou que as intervenções já realizadas, ao custo de R$ 8,5 milhões, asseguram a integridade do reservatório por ora. Uma segunda etapa ainda está pendente, mais custosa, e pode sofrer com atrasos caso aconteçam cortes no orçamento, segundo observou Oliveira. “Temos que ficar em alerta com relação a contingenciamentos, porque o Governo Federal vem tendo problemas de caixa e isso pode afetar essa última fase”, afirmou.

Engenheiro da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), Clênio Torres sublinhou que, por ser improvável a ocorrência de chuvas na região que encham o reservatório, as chances de acontecer uma fatalidade em razão dos danos na Barragem de Jucazinho são reduzidas. Ainda assim, por conta das graves consequências de um eventual rompimento, é preciso concluir as obras de recuperação o quanto antes. “Mesmo a possibilidade sendo muito pequena, não podemos aceitá-la”, pontuou.

Realizada na Câmara de Vereadores de Limoeiro, a reunião contou com a presença de movimentos sociais e de políticos locais. Prefeitos e vereadores aproveitaram a ocasião para alertar para dificuldades no abastecimento de água na região, em razão do colapso do reservatório, sobretudo nos municípios de Cumaru, Passira, Riacho das Almas e Salgadinho – há mais de um ano sem água nas torneiras.

Segundo o gerente da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Mário Heitor, o problema pode começar a ser amenizado com o término de obras de abastecimento em Caruaru, no Agreste, previsto para o final do ano. Com o fim das intervenções, explicou o gestor, parte da água que hoje abastece o município do Polo de Confecções deve ser destinada às cidades sem água. “A população não pode mais esperar”, comentou.

Mesmo com a perspectiva de alívio, representantes de organizações não governamentais e lideranças da região manifestaram o temor de que a previsão de melhora não se concretize. “Hoje recebemos 15 carros-pipa para mais de 129 comunidades rurais. A prefeitura tem cada vez menos recursos, o Governo Federal promove cortes de programas, e faltam ações estruturadoras de médio e longo prazos”, lamentou a vice-prefeita de Cumaru, Nadjane Peixoto.

REVITALIÇÃO – a necessidade de recuperação de áreas degradadas ao longo do Rio Capibaribe, que abrange a região, também foi levantada durante o encontro. Superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) em Pernambuco, Francisco Campello observou que, quando as condições ambientais são adequadas, os riscos de crise no abastecimento são menos frequentes. “A bacia hidrográfica precisa estar bem cuidada, ou não adianta ter reservatório.”

A mesma preocupação foi manifestada pelo coordenador da Frente pela Revitalização do Capibaribe, deputado José Humberto Cavalcanti (PTB). “A água não nasce na torneira, e as cidades ao longo do rio jogam esgoto in natura nas águas”, criticou o petebista, que disse contar com diferentes setores da sociedade no esforço pela despoluição do curso d’água. “Vamos envolver prefeituras, ONGs, igrejas, todos os que precisam ter uma bacia tratada.”

Presidente da Comissão de Meio Ambiente, Zé Maurício (PP) também frisou a necessidade de despoluir o manancial e de torná-lo perene em todo o seu curso. “O Capibaribe está indo cada vez mais na direção de sua mortalidade. O que nós queremos é a perenização do rio.” Também participaram da audiência os deputados Eriberto Medeiros (PTC), Henrique Queiroz (PR) e Priscila Krause (DEM). Compareceram gestores públicos e vereadores dos municípios de Lagoa de Itaenga, Limoeiro, Passira, Riacho das Almas e Surubim.

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Fonte: Alepe.