quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

DE CASINHAS OU 'DE CASA'? - Prefeito João Camêlo entrega metade das secretarias aos parentes


O prefeito eleito de Casinhas João Camêlo (PSB) teve como um dos principais motes de campanha, a promessa eleitoral de que, caso ganhasse, iria montar um time de secretários do próprio Município. O discurso era uma crítica direta ao palanque adversário, pois a concorrente Rosineide Barbosa, além de morar em Surubim, tinha auxiliares do primeiro escalão de outras cidades. 

Ao que parece, quando o então candidato dizia que os secretários seriam de Casinhas, estava usando também o sentido figurado. Passada a eleição, o prefeito eleito resolveu convocar da 'própria casa' metade dos futuros auxiliares. Dos seis secretários, três são parentes do prefeito:    

Secretaria de Administração e Finanças (FILHA) Isabella Barbosa Camêlo
Secretaria de Assistência Social – (PRIMA) Ediluce Barbosa Leal
Secretaria de Saúde(PRIMA) Gilsamary Interaminense Duda

O prefeito também anunciou nome do motorista Marlon de Ameida Andrade, para dirigir a Secretaria de Infraestrutura. Ele é filho do ex-vereador e ex-vice prefeito Vital Pedro de Andrade, o 'Índio', assassinado durante o mandato.

O técnico André  Ferreira, conhecido como 'André do Ipa' volta a ser titular na Secretaria de Agricultura, pasta que ocupou na segunda gestão João Camêlo.

Quem também volta ao primeiro escalão, para Secretaria de Educação, é a professora Verônica Geriz, que é vereadora na legislatura que se encerra, mas não se reelegeu. É um quadro técnico, que se destaca entre os convocados. Ela também foi gestora da escola de referência Severino Farias, em Surubim.  

Carismático, embora tenha sido eleito para um terceiro mandato de prefeito, João Camêlo nunca foi reconhecido como bom articulador. A condução política do segundo mandato é tida como desastrosa pelos próprios correligionários, pois ele acabou tendo que praticamente colocar a Prefeitura 'no colo' da principal adversária.

Com a desgaste da gestão Rosineide, as circunstâncias políticas praticamente fizeram o PSB ir buscar João em casa, para disputar, já como favorito. Mas, ao contrário do que possa imaginar, não foi eleito para ser o mesmo prefeito dos mandatos anteriores.

O eleitorado de Casinhas confiou no João Camêlo que já conhecia, mas na figura de perfil simples, no político carismático e popular, o oposto do 'perfil ostentação' da prefeita não reeleita. Mas o eleitor não deu a terceira chance para repetir ou cometer novos erros, sobretudo o desvio ético de lotear os cargos do primeiro escalão entre parentes.

Em quatro anos, período que Camêlo passou trancado 'no seu mundo em Oratório', cá fora, o mundão girou e evoluiu um bocado, e as pessoas de Casinhas também. As demandas da sociedade são outras e mais urgentes. O eleitor deu um recado muito sério nas urnas.  

Para simplificar, o prefeito eleito, pode, sem raiva, na paz, ao deitar a cabeça no travesseiro, fazer um exame de consciência: se imaginar novamente candidato, durante os meses de agosto e setembro, percorrendo os quatro cantos do município prometendo, de forma sincera:

"Se eu ganhar eleição, meu secretariado será todo de Casinhas. Vou nomear seis secretários, e três deles serão meus parentes. Preciso do voto de vocês. Vote em João Camêlo". 

E como perguntar não ofende, se João Camêlo tivesse dito o que está fazendo agora, antes, nos palanques, o povo teria dado credibilidade a ele? 

Assim, fazendo o que esqueceu de combinar com o povo, João Camêlo, assume a Prefeitura neste primeiro de janeiro, e como primeiro ato, emprega três parentes para ajudá-lo a administrar o que é público, no tão carente Município de Casinhas. 



por Alberico Cassiano.