segunda-feira, 21 de novembro de 2016

LUCIANO MEDEIROS, o 'BOMBA': "Se Ana Célia não fizer o que prometeu, eu vou ser o primeiro a cobrar. Ela não pode fazer um governo para agradar amigos"

 

O vereador Luciano Medeiros (PSD) se prepara para assumir o quarto mandato na Câmara de Surubim, dessa vez, com uma diferença: vai integrar a bancada governista. Nos doze anos de Casa, "Bomba", como é chamado, só foi governo quatro meses, mas rompeu, inclusive quando ocupava a Presidência. Ficou conhecido justamente pelo estilo contundente de fazer oposição às administrações petistas no Município. Agora, vai integrar o time dos parlamentares encarregados de defender a gestão da prefeita Ana Célia (PSB), mas avisa que será um vereador parceiro, mas nunca submisso ao Executivo.  

"A função de fiscalizar do vereador independe da bancada dele, se situação ou oposição. Acho que Ana Célia foi eleita para fazer diferente. Agora ela é prefeita do povo todo de Surubim, e não só de quem votou nela. 'Você votou contra?' Não consegue o exame, acabou a ficha. Isso é uma mentalidade muito pequena e não pode mais ocorrer ! Tem muito trabalho para ser feito e o povo vai querer ver pronto o que ela prometeu, não é simples ? Ela tem que fazer o que prometeu, se não fizer eu vou ser o primeiro a cobrar, com muita naturalidade, porque o povo elege o vereador para isso", afirma.  

Ao contrário do que se possa imaginar, o vereador Luciano Medeiros não ficou conhecido por "Bomba" pela forma combativa de fazer oposição, com denúncias de falta de zelo no uso do dinheiro público e em defesa da ética. Também não foi pela liderança que exercia junto aos motoristas de toyotas lotação, quando fechava estradas em protesto contra a possível proibição dos veículos circularem. "É um 'apelido' de infância, que nem lembro como surgiu", diz.



Durante uma década, Bomba foi toyoteiro, como são chamados os motoristas que fazem transporte de passageiros na Região. "Antes eu tinha uma 'budega', uma venda como chamavam antigamente. Aí vendi o comércio e comprei um Toyota, fiquei no ramo por dez anos. "Tenho compadre, padrinho do meu filho, que é toyoteiro. Eu gosto de valorizar as pessoas. Tenho muitos amigos e o respeito deles", frisa. Fez o curso de técnico Agrícola, mas só trabalhou na área cerca de um ano. Foi aprovado no concurso de agente penitenciário e começou a trabalhar no presídio de Limoeiro. "A forma digna com que trato os familiares, também me fez mais conhecido", conta. 

Bomba foi eleito para o primeiro mandato em 2004, pelo PPS, com  584 votos. Em maio de 2008, perdeu o mandato por infidelidade partidária, numa ação do partido contra todos os integrantes que haviam deixado a legenda. Foi substituído nos sete meses finais do mandato pela suplente, professora Naiara. Na eleição de 2008, no entanto, reconquistou o mandato com 992 votos, pelo PSDB. Quando foi presidente, implantou Plano de Cargos e Carreiras para servidores da Casa, férias limitadas de 30 dias para o Legislativo, lei do nepotismo e votação em aberto para projetos polêmicos. Em 2012, pelo PSD, teve 1.133 votos, e agora, em 2016 conquistou 1.040 votos, pelo mesmo partido, e garantiu até 2020 a cadeira no Legislativo de Surubim.


MUDANÇA - depois de mais de uma década na oposição, o vereador Bomba espera fazer parte da base de uma gestão municipal diferente. "Não cabe mais prefeito que centraliza tudo, que coloca secretários decorativos, gente que não resolve nada e que não tem competência técnica. Túlio (Vieira) errou muito nisso, na equipe. Surubim tem muita gente competente, com conhecimento técnico em sua área, gente que nunca teve chance, inclusive. Lembre Arraes, o sujeito perdia a eleição, virava secretário. Não havia exigência técnica; não deu certo. Com Jarbas, mudou, veio a gestão técnica, com resultados. Com Eduardo, esse modelo foi aprimorado e o governador Paulo Câmara vem no mesmo caminho. Quer dizer, Ana Célia faz parte desse modelo de gestão e acredito que, com ela, o município passe a ter uma equipe de secretários, de fato, gente capaz de ajudá-la a acertar", aposta.

O vereador defende o enxugamento da máquina pública e intervenções na mobilidade como prioridades. "Por conta da crise, vejo é preciso enxugar a máquina pública. Outro problema sério é a mobilidade. Ninguém anda nas calçadas de Surubim e a prefeita não pode deixar de tomar uma atitude porque seu fulano, que é comerciante, votou nela e vai ficar chateado. Se o trânsito é caótico, vamos buscar soluções, ouvir toyoteiros, mototaxistas, a classe média, especialistas, enfim, não é só dizer 'não passa aqui' e pronto. A sociedade deu um recado muito sério a nós políticos agora, nas urnas. É claro que algumas medidas exigidas podem não agradar, mas Ana Célia não pode pensar em fazer um governo para agradar amigos. Vejo que ela tem vontade de acertar", acredita. (Alberico Cassiano)