segunda-feira, 4 de julho de 2016

HR registra mais queimados e piora das lesões durante as festas juninas

Este ano, 56 pessoas deram entrada na unidade, 5 a mais do que em 2015.
Desse total, 36 eram crianças; houve graves mutilações de membros.


O aumento no número de acidentes com fogos e fogueiras, a gravidade dos ferimentos e até mutilações sérias de membros de crianças e adultos assustaram a equipe médica do Hospital da Restauração (HR) durante o período junino de 2016. O médico Marcos Barretto, chefe do Setor de Queimados da unidade, na área central do Recife e referência no estado, informou, nesta segunda (4), que 56 pessoas deram entrada no HR, entre a véspera de Santo Antônio (11) e o dia seguinte ao São Pedro (30). São cinco atendimentos a mais do que em 2015 e mais sete na comparação com o mesmo período de 2014.


Do total de vítimas de explosões e queimaduras, 36 foram crianças. A maioria tem 12 anos ou menos. Passados vários dias após o fim dos festejos, dez pessoas ainda estão internadas na unidade de queimados do HR, em virtude da gravidade das lesões. “A gente fica triste e deprimido por causa desse aumento da gravidade dos casos”, afirmou o médico Marcos Barretto.

Durante entrevista coletiva para fazer o balanço do período junino, Barretto enumerou as lesões mais graves e falou um pouco sobre casos que chamaram a atenção.

“Tratamos uma criança que teve um olho queimado. Registramos casos de perda de dedo e mutilação de antebraço. Ferimentos ósseos muito graves que exigem tratamentos demorados. Um adulto, provavelmente um trabalhador, perdeu a mão com um artefato explosivo e vai ficar sem poder trabalhar. Vai ter que depender da Previdência Social”, observou.
Na avaliação de Barretto, esse quadro assustador tem influência de vários fatores: combinação do uso de bebidas alcoólicas em excesso com brincadeiras com fogos de artifício, brigas provocadas dos bebedeiras e, principalmente, a negligência dos pais. “Uma criança de 12 anos caiu na fogueira quando andava de bicicleta. Como alguém pode deixar isso acontecer?”, questiona. 
Barretto também acredita que exista outro problema: a redução da qualidade de fogos de artifício. “Com a perda de poder de compra, muita gente passou a levar para casa fogos mais baratos e mais inseguros. Tivemos o caso de um pai que pegou a bomba da mão do filho e segurou para acender. Ela estourou na mão dele e deixou sequelas graves. Imagine se fossse na mão de um menino?"

Balanço parcial - No dia 24 de junho, dia de São João, o médico Marcos Barretto apresentou uma parcial dos atendimentos do período junino. Em 12 horas, oito adultos e duas crianças deram entrada no Hospital da Restauração (HR), após acidentes com fogueiras e fogos de artifício.
Desde o dia 22 de junho, o hospital já tinha recebido 17 casos na unidade de queimados. Esse número já superava o do ano passado – 16 pessoas entre os dias 22 a 25 de junho.
Entre os casos mais delicados registrados no HR estava o de um menino de cinco anos. A criança teve 35% do seu corpo queimado após cair em uma fogueira em São Bento do Uma, Agreste do estado. Ele apresenta ferimentos de 2º e 3º grau no tórax, braços e pernas.

Foi preciso sedar o menino para realizar o procedimento de curativos. A equipe do hospital ainda deverá fazer enxertos de pele. O estado de saúde é grave, mas estável. O garoto está na unidade de queimados e sem previsão de alta.
Fonte: G1 PE.