sábado, 28 de novembro de 2015

PT foi varrido por "tsunami", diz Eduardo Suplicy


Eduardo Suplicy, senador por 24 anos e hoje secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, diz ter sido atingido pelo que define como um "tsunami" que varreu o PT nos últimos meses.

Um dos políticos da sigla com melhor imagem perante a opinião pública, Suplicy é tido como íntegro e idealista - embora, para alguns críticos, também um pouco ingênuo ou "contraditório".

Foi, em 1991, o primeiro senador eleito pelo PT, partido que ajudou a fundar nos anos 80. No Congresso, redigiu pedidos de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que resultariam no afastamento do então presidente Fernando Collor e no escândalo dos Anões do Orçamento. No governo Lula, contrariou uma diretriz da legenda e assinou, chorando, o pedido de criação da CPI dos Correios, que escancararia o escândalo do mensalão.

Com um estilo pouco convencional, recebe cumprimentos e pedidos de foto por onde passa. Mas a boa imagem não foi suficiente para reelegê-lo no ano passado, quando perdeu a cadeira no Senado para José Serra (PSDB). Ele atribui a derrota justamente a esse "tsunami" antipetista.

Depois da eleição, muitos simpatizantes vêm abordando Suplicy nas ruas e redes sociais pedindo que deixe o PT. Em outubro, porém, ele chegou a ser hostilizado durante um debate numa livraria. "Um grupo de 10 ou 12 pessoas começou a gritar, de maneira bastante ofensiva, 'Suplicy, vergonha do Brasil'", lembra.

Em entrevista à BBC Brasil, ele falou sobre corrupção, a prisão do senador Delcídio Amaral, a filiação da ex-mulher, a senadora Marta Suplicy, ao PMDB, e nomes petistas que poderiam ser alternativas a Lula na disputa pela Presidência em 2018. Confira os principais trechos da entrevista:


BBC Brasil - O senhor sempre abraçou a bandeira da ética e, em função dos escândalos recentes, é abordado por pessoas que pedem que deixe o PT. Por que permanece?

Eduardo Suplicy - Se houve problemas sérios com algumas pessoas em uma organização com mais de um milhão e meio de filiados, avalio que é da minha responsabilidade procurar prevenir e corrigir os erros, onde eu estiver. Por exemplo, hoje estou aqui na secretaria, onde agimos com correção e transparência. O mesmo vale para o prefeito Haddad, que criou uma controladoria para prevenir problemas.

Se você olhar meu Facebook, a maioria das mensagens é de apoio, positivas. Há, de fato, aqueles que falam: "Como você ainda está no PT? Gostaria que deixasse o partido." Respondo isso: me sinto na responsabilidade de buscar prevenir e corrigir os erros. Por exemplo, quando era senador, apresentei projetos propondo que toda e qualquer contribuição (de campanha) fosse registrada na página eletrônica dos candidatos e partidos.

Em 2002, numa reunião do diretório nacional do PT, o deputado Chico Alencar (hoje no PSOL) também propôs transparência total das contribuições. Eu o apoiei. Conversei com o Delúbio (ex-tesoureiro do PT) que disse que isso poderia inibir a doação da parte de algumas empresas. Se tivéssemos aprovado o que sempre defendi...


Fonte : BBC Brasil.