domingo, 25 de outubro de 2015

AACD Recife sob risco de fechamento

Congelamento de fontes de receita do SUS e déficit de R$ 1,4 milhão em 2015 motivaram cortes

A AACD Recife corre o risco de fechar as portas. O principal centro de reabilitação para crianças e adultos do Estado e também do Nordeste, e que atende a 2,5 mil pessoas, é o mais novo alvo da crise econômica. Com uma redução de 30% nas doações, o congelamento de fontes de receita do SUS e um déficit de R$ 1,4 milhão nos nove primeiros meses de 2015, a instituição deu início a um plano de cortes para continuar a receber pacientes. O enxugamento começou pela folha de pagamento que gira em torno de R$ 700 mil por mês, praticamente metade do orçamento mensal da instituição, que é aproximadamente R$ 1,5 milhão. Até agora 14 funcionários foram desligados, sendo nove terapeutas, dois médicos e três pessoas da parte administrativa. Até o momento, o relato de pacientes não indica prejuízo ao atendimento, mas gera preocupação.
“Temos uma luz amarela acesa para a AACD. Estamos dando uma organizada interna, mas isso não vai afetar o paciente. A gente está organizando a agenda para conseguir continuar atendendo o mesmo número de pacientes, mas reduzir um pouco a despesa”, disse o gestor da unidade, Marcos Rodrigues. Ele explicou que há alguns meses houve a contratação de mais profissionais porque a AACD receberia uma nova habilitação do Ministério da Saúde, mas o processo parou. Esses recursos humanos considerados excedentes tiveram que ser desligados como contenção de custos.
Os afastamentos representam 5% do total de funcionários. De acordo com o gestor, as demissões acabaram por aí. O próximo passo é a revisão de alguns contratos com empresas terceirizadas. Por outro lado, a direção da AACD esteve reunida com o Governo do Estado, na última semana, para expor as dificuldades e renovar os contratos com o SUS. Os aportes anuais são de R$ 10 milhões, mas o custo do centro chega perto dos R$ 15 milhões.
Caso não resista à crise, deixará de atender a 2,5 mil pessoas
São R$ 5 milhões, que faltam para a conta fechar, e que a associação precisa batalhar para conseguir, seja com campanhas, festas ou doações. Esse cenário desfavorável acendeu o alerta para Pernambuco, principalmente porque duas unidades em São Paulo acabaram fechando as portas este ano pela falta de dinheiro.
As notícias dos cortes no Recife já preocupam os pacientes que temem pela descontinuidade do serviço. “Saíram três terapeutas pelo que soube e a conversa é que do jeito que está a crise pode fechar. Deus queira que isso não aconteça, porque a AACD foi a salvação da minha filha”, disse Vanuza Silva, 26 anos, com a filha Adoriabelly. A menina é paciente há quatro meses. A dona de casa Maria José Miranda, 38 anos, e a sobrinha Vitória, de 12, frequentam a AACD há oito anos. “Sem a AACD, Vitória estaria perdida. Tudo que ela conseguiu aprender foi aqui. Essas notícias de demissão dão medo, porque aqui tudo sempre funcionou bem, diferente de outros serviços de saúde fora”, comentou Maria José.
Fonte: Folha de PE.